Um dia com o pai e o avô
Quando era criança fui um dia para o campo com o meu pai e o meu avô materno. O meu pai foi ajudar o meu avô a ceifar umas ervas, que cresciam juntam aos ribeiros com as quais se faziam os assentos das cadeiras.
O meu avô vivia de pequenas tarefas do campo que se faziam na altura, conforme a época do ano.
Nesse dia lá fomos os três na carroça puxada pelo burro até ao sítio onde havia as tais ervas. Eram altas, chamam-se junça e bunho. Pelo menos foi assim que as conheci. A junça tem um caule fino e espalmado que para se fazer os assentos tinha que juntar dois ou três caules que eram torcidos e depois entrançados de uma maneira especial para fazer o assento confortável.
O bunho já era diferente era um caule redondo, faz lembrar uma palhinha só que mais grossa por dentro.
Estas plantas nasciam juntos dos rios e ribeiros. Eram cortados e levados em molhos para casa. Depois os carpinteiros faziam a secagem das plantas até estarem em condições para poderem ser trabalhadas.
Enquanto eles ceifavam eu brincava na água e descobria a vida que lá havia. Tinha peixes e não só. Encontrei um ninho de ovos de galinha da água. Elas viviam nos rios e nadavam como os patos e claro que nidificavam nas margens dos rios.
Como não se sabia se os ovos já estavam chocos eles acabavam por ficar lá.
Existiam na altura patos, rãs, sapos, tartarugas eram frequentes e bons brinquedos de estudo e muitas perguntas ao meu pai, que respondia sempre com paciência e sabedoria.
Foi mais uma memória de alguém que partiu a 26 anos mas que eu guardo no coração.
Sejam felizes.