Uma seara de grão
Já há muitos anos que não vejo as searas de grão, e quase as esqueci até hoje que me lembrei como eram antigamente.
Assim como existiam searas de grão também existiam as de feijão frade, e nesta época da colheita quase só se comia feijão frade com mogango.
Voltando as searas de grão é um cereal, cada pé é como uma pequena árvore e o seu caule é bastante rijo e magoa as mãos.
Os ramos estão carregados de pequenos grãos embrulhados em vagens pequenas.
Era ver os ranchos de homens e mulheres ainda de noite a irem para o campo pois este cereal só podia ser colhido pela fresca, senão corria-se o risco de os trabalhadores cortarem-se ao arrancarem as plantas, nesta alturas não se usava luvas como hoje em dia.
O maior motivo ainda não era esse é que com o aquecimento do cereal ao Sol e ao longo do dia este abria as vagens e perdia-se os grãos para a terra.
Isso era deitar dinheiro fora e estragar o grão que se não aproveitava.
Naquele tempo tudo era aproveitado e pouca coisa ía para o lixo. Os ramos do grão depois de secos eram levados para as eiras e lá os homens malhavam o cereal.
Os grãos como eram mais pesados e rijos ficavam por baixo e os ramos ao serem batidos partiam-se e viravam palha, que mais tarde servia de alimento aos animais.
O grão mais tarde era vendido para as mercearias onde eram vendido ao litro ou ao kilo.
Por norma era mais ao litro numas medidas de madeira quadradas com vários tamanhos e havia uma maneira de encher estas medidas eram com uma espécie de copo de lata o qual não me lembro o nome.
Tantas vezes fui comprar um litro de grão ou feijão a loja do senhor Sardinha ou então do senhor Caetano, vinha num cartuxo de papel.
Depois era só fazer a sopa nas panelas de barro no lume de chão que levava horas a cozer mas que eram tão saborosas.
Outros tempos.
Sejam felizes.